Deixando outra única guerra (em mim)

Você mexeu com a minha cabeça.
Eu já não consigo te ler.
Ler as pessoas era algo comum pra mim,
mas agora tudo está nublado.

Eu sempre gostei da chuva,
mas eu gosto da sensação de limpeza que cada gota traz.
O nublado, que não chove, não molha
me incomoda

Me incomoda não conseguir limpar a alma.
Me incomoda não conseguir ver o sol.
Essa incerteza, esse meio termo, esse em cima do muro
me destrói

Me corrói, me danifica.
Me danifica tanto que já não tenho vontade de entender,
mas entender sempre foi um objetivo.
Querer entender sempre me levava além.

Eu luto pra entender.
Entender me mantém em movimento.
Eu não posso ficar parada.
Ficar parada da espaço para pensamentos que não existem além do imaginário.

E digo que sou fogo,
como fogo, não me chama se não for querer se queimar.
Não mexa com a minha cabeça se não for querer me imaginar
nos teus braços, no teu colo, na tua cama, no teu espaço, na tua mente, no teu coração.

Regar

Pela milésima vez estou por sentir sozinha
Sentimentos que já não tenho mais idade para contar.
Quem me dera voltar a minha adolescência
Quando eu sentia do mais puro e contava sempre.
Não há nada mais belo do que um sentimento,
Mas os pontos de vista mudaram
E agora contá-los é sinal de desespero.
É certo que ninguém quer ficar sozinho
E eu não sou uma pessoa de se apaixonar por qualquer boca.
Custa-me muito me apaixonar,
Custa-me semelhança de ideias,
Custa-me dividir gostos,
Custa-me olhar no fundo dos olhos e ver algo bom,
Custa-me muito, dói-me muito,
Mas já passei da idade de contar paixões recém afloradas.
Já não tenho mais aquela energia de atirar no escuro
E depois me passar por desesperada,
Mas não me entenda mal,
Eu não estou desesperada.
O que se deu foi a completa fusão de mim.
Congelei-me naquele momento
E, pelos indícios que venho percebendo,
Congelei-me sozinha.
Demora um pouco até descongelar.
Não sei se é melhor do que contar.
Pela milésima primeira vez estou por sentir sozinha.

O que é conectar-se com alguém?

   

    Vou começar por arriscar dizer que não existe fórmula para conexão. Pode-se fazer exatamente a mesma coisa com pessoas diferentes e isso nunca vai ser garantia de que, no momento, a conexão irá surgir. Conexões dão-se de várias formas, algumas pessoas se conectam depois de um olhar, algumas após uma conversa, algumas "pós-sexo", mas cada um se conecta de uma forma ou outra.

    As conexões possuem um efeito interessante, pelo menos em mim, eu nunca sei como cheguei em alguma delas, mas de repente vejo-me conectada e a conexão que me fez escrever isso se deu assim, sem motivo algum me vi conectada. 

    Com a certeza da conexão veio o medo, medo de ter conectado-me sozinha, afinal de contas essa conexão não tem o menor motivo para ter-se dado feita. A questão é: conectei-me e não sei se conto estar conectada. Devo?