Reinizio, do Italiano: Recomeço

segunda-feira, abril 26, 2010

O Escuro



Feche seus olhos
Quero te mostrar um lugar
Imagine eu e você
Sozinhos no escuro.
Você e eu não vemos nada
Mas todos podem nos ver

Eu só posso ouvir o seu coração
E você o som da minha respiração
Segure minha mão
Para eu não temer
Segure bem forte
Te sentindo posso te ver

Você sussurra para mim
Você está com medo
Só eu sei disso
Mas, de repente, você soltou minha mão
E eu estou gritando seu nome
Morrendo de desespero, medo
Dor, angústia
Mas você não me ouve

De repente tudo fica claro
A vista se embaça e
Eu posso te ver
Mas não da forma que eu queria
Agora eu te vejo
Mas segurando outra pessoa
Seu coração, não posso mais ouvir
Não sei se ele continua batendo
Te vendo eu não acredito
Não posso segurar as lágrimas
De te ver com alguém
Que conseguia andar sozinha no escuro
Um escuro que eu criei para nós

Eu olho nos seus olhos
Mais verdes do que nunca
Você me deseja
E me provoca com eles
Você quer segurar nós duas
Ao mesmo tempo

Eu vou morrendo aos poucos
Enquanto ela põe um sorriso nos lábios
Eu choro enquanto ela só sorri
Eu sangro enquanto ela rouba minha vitalidade
No meu escuro
Você me tirou o que eu tinha
De mais precioso
Algo que eu nunca mais terei
MENTIROSO, VOCÊ ME SEDUZIU

Minhas pernas não podem mais me segurar
Meus joelhos não me suportam mais
Meu corpo afunda
Esse é o peso da dor?
Uma interminável dor

sábado, abril 17, 2010

Musa dos Olho Intensos


Estou me pondo mais uma vez a dissertar sobre minha musa dos olhos intensos que, não só nos momentos de solidão, me faz escrever ao seu respeito.
Ela me fascina e inspira, então por que não escrever sobre ela?
Seriam incontáveis as vezes que eu sentia as palavras querendo ser escritas, gritando em minha mente... E foram tantos textos, poemas e poesias com o tema “ela”.
A escrita que me aliviava a saudade, que refletia o amor, que descontava a raiva, que me inspirava de todas as maneiras possíveis, era a musa dos olhos intensos que fazia tudo isso.
E como não citar todas as cartas que ela me escrevia? Sua letra ali escrita também mata a saudade, mesmo que não fossem palavras dela, mesmo que fossem citações de grandes escritores, eu a sentia ali, mesmo que na saudade.
E de todas as formas ela é perfeita, não que ela não tenha defeitos, é perfeita para mim. E já que a vontade de gritar para todo mundo ouvir não pode ser satisfeita, me contento em escrever sobre minha musa.

sábado, abril 10, 2010

O Abraço


Como é que um sentimento
Consegue durar tanto tempo
Sem ao menos ser correspondido?

Ah! O abraço!
Entre tantos outros
Talvez não o mais necessitado
Nem o mais apertado
Mas foi de saudade matada

O coração acelerou
Os braços se laçaram mais uma vez
As bocas quiseram se tocar
Mas já não era mais amor
Ou era? Ato complicado de descrever

O calor
O suspiro
O aperto
O carinho
O que era mesmo que se passava?

sexta-feira, abril 02, 2010

Corredor e Neve


Um corredor escuro e sem fim, sem sentido, completamente congelado, escorregadio por causa da água condensada no chão, nas paredes, no teto, em mim. Os olhos congelaram por chorar, me deixando cega, mas não fazia diferença, eu já esta no escuro mesmo.
Se eu andasse iria escorregar, se eu corresse iria escorregar, por medo fiquei parada, congelada também, mas por medo de nunca mais sair dali, tentei dar um pequeno passo, escorreguei e cai, ali no chão o frio congelou o meu coração, eu me perguntei quando ele seria aquecido, concertado, se algum dia ele voltaria a bater, se de alguma forma alguém o ressuscitaria.
Tentei me arrastar, e o gelo grosso se afinou e se partiu me fazendo cair na água. Milhões de facas me perfurando, quase me matando, não tinha energia para nadar, comecei a afunda. A água 0,5º menos fria que o gelo descongelava minhas lágrimas, me deixando abrir os olhos ali. Eu podia ver com muita dificuldade, de algum lugar bem longe vinha uma luz, quase não me alcançava, mas estava lá.
Eu não poderia continuar ali ou morreria, mas se saísse da água, congelaria, mas eu não poderia morrer sem tentar, energia surgia do nada, vindo de fora. Ou eu havia congelado completamente ou as coisas estavam aquecendo lentamente, mas que completa idiotice, ao sair da água via o gelo se derretendo, ao ficar em pé no gelo tudo se congela de novo o frio toma conta de novo, mas pelo menos eu estava fora da água, tento andar e escorrego de novo. Quebro os braços, não tenho mais apoio para me colocar de pé.
Todo aquele esforço foi em vão? Nem que me cortassem as pernas, eu teria que continuar de qualquer forma, não queria morrer ali, não podia morrer ali.
Fui me arrastando em meus joelhos, no escuro deserto daquele corredor eu só podia ir em frente. Trombo em algo, um beco? Não! Uma porta! Trancada! Eu poderia arromba-la facilmente se não estivesse a tanto tempo, que acabei me esquecendo de contar os dias, sem comer. Mas com os braços quebrados não me colocaria de pé, comecei a chorar, a porta talvez tenha tido pena e se aberto sozinha, o quase calor do ultimo dia de outono me aqueceu, acabei desmaiando, e ao acordar no outro dia, dia frio, onde só se via neve, um espelho a minha frente me mostrava minha pele cadavérica, os lábios roxos e os olhos avermelhados, olheiras fundas e pretas, não poderia esperar mais do que a morte a partir daí.
Não tinha mais forças pra continuar, não tinha como me matar, procurava qualquer gelo com ponta para que eu pudesse rasgar meu pescoço e morrer ali, manchando a neve, mas, pelo menos, deixando marcada a minha existência sem o menor sentido, nem explicação que sumiria com o verão derretendo a neve.
Movimentos e risadas ao meu redor, bem ao longe me fizeram perceber que não estava sozinha, tentei gritar para que me encontrassem e me socorressem, mas a voz não existia mais, não tinha forças para gritar.
Escrevendo com um galho na boca uma enorme mensagem na branca e pura neve:
ME SALVEM
Desistindo ali e me entregando a mercê da sorte. Só espero que alguém veja.