Eu me vejo aqui tão madura,
Tão centrada, mas tão quieta.
Me vejo aqui com candura,
Meditando, encarando a porta.
Aquela porta que você atravessou,
Que deixou o inverno entrar,
Que esqueceu aberta quando passou
E agora qualquer um pode me olhar.
Muita gente entrou sem pedir,
Afinal a porta estava lá aberta
E sem ninguém pra impedir
Me violam, não estou certa?
Estou assustada demais pra levantar,
Correr e sem um pingo de cuidado
Essa maldita porta fechar e trancar.
Estou cansada, farta do meu legado.
Não é mais sua responsabilidade
Me socorrer toda vez que preciso,
Mas não vejo por que a necessidade
De me deixar ao relento, indeciso.